quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Planejamento e Comunidades de Ensino Inclusivo e Eficaz - Inclusão: Um guia para educadores

Para que o ensino converta-se em um processo eficaz e igualitário, o processo de inclusão se faz necessário em todas as escolas, processo este dirigido a todos os alunos, e não apenas estudantes com necessidades especiais. Logo, a fim de que a inclusão seja corretamente aplicada, as autoras Schaffner e Buswell apresentam dez passos rumo à concretização de tal feito.

Primeiro passo: Desenvolver uma filosofia comum e um plano estratégico.

O desenvolvimento de uma filosofia democrática e comum, seguido de um plano estratégico compõe o primeiro passo. Deve-se, deste modo, enfatizar princípios democráticos de inclusão e atendimento às necessidades do aluno, para que este seja recebido e tratado como membro igualitário da instituição. A participação de todos, incluindo pais, professores, funcionários e toda a comunidade é fundamental neste processo de inclusão, bem como o advento de equipes de formadas de decisão ou forças-tarefa, as quais auxiliam no processo de planejamento, monitoramento e aprimoramento escolares, atendendo assim às mais diversas necessidades dos estudantes e de toda a comunidade. A partir de sua filosofia , a escola pode definir , então, seu plano estratégico.

Segundo passo: Proporcionar uma liderança forte

O passo seguinte consiste na implementação de uma liderança onde o diretor, firme e resoluto deve assumir a responsabilidade de tomar decisões sensatas e coerentes, ao mesmo tempo em que busca proporcionar um ensino de qualidade. O estabelecimento de práticas de auxílio aos professores, bem como o bom relacionamento destes com os alunos são papéis fundamentais a serem assumidos pelo diretor, o qual não deve, por sua vez, se intimidar diante dos desafios, mas assumí-los firme e convictamente.

Terceiro passo: Promover culturas no âmbito da escola e da turma que acolham, apreciem e acomodem a diversidade

A escola não deve se prender apenas às questões acadêmicas, mas ir além, promovendo o ensino e o aprendizado dos valores culturais de uma sociedade, e eliminando, deste modo, os aspectos negativos presentes no local. As amizades e o relacionamento são questões também a serem resolvidas pela escola, uma vez que tratam-se de condições facilitadoras e promotoras da inserção e do aprendizado do aluno. Para que se promovam as amizades, a escola necessita de certas atividades colaborativas, tais como: a inserção do espírito coorporativo, ao invés do competitivo, o estabelecimento de rotinas, uma apresentação positiva do aluno deficiente (‘ou diferente’) aos demais, acomodações necessárias a alunos especiais, além dos valores referentes ao respeito e à cooperação.

Quarto passo: Desenvolver redes de apoio

O desenvolvimento de redes de apoio, tanto para professores quanto para alunos. Muitos professores não sabem lidar com alunos deficientes, e muitos alunos não têm onde recorrer quando são vítimas de exclusão ou problemas do gênero. Logo, as redes têm como objetivos resolver tais problemas, propondo idéias, técnicas, atividades que possam auxiliá-los em assuntos sociais ou acadêmicos . As redes de apoio podem constituir-se por alunos, diretores, professores, pais, psicólogos, terapeutas, etc., e muitas dessas redes têm a liberdade de eleger um facilitador, o qual assume várias responsabilidades, sobretudo o encorajamento das redes naturais de amizade e o apoio às classes de educação regular. É necessário, portanto, a cooperação de todos, inclusive dos alunos que convivem com o estudante “excluído” , a fim de que este não seja super protegido nem rotulado com a situação em que vive.
Quinto passo: usar processos deliberativos para garantir a responsabilidade

Em muitos casos as equipes de apoio podem fracassar se não manterem processos contínuos para garantir o planejamento. Ocorre com freqüência uma grande diferença, entre, o plano de apoio como está escrito, e a real implementação.
Outro problema são as reuniões, que servem apenas para preencherem formulários, nestas mesmas os participantes não levam em consideração o pouco tempo de discussão dos professores, onde esse tempo poderia ser usado em beneficio do aluno, mas não é o que acontece.
A total ineficiência e falta de estratégia dessas reuniões levam a um fracasso do aluno, que no fim das contas é usado como justificativa para a exclusão do mesmo.
São elementos fundamentais para o sucesso do planejamento: a reunião não ser um evento isolado e apenas anual, ser feito com mais freqüência, os monitores devem ter capacitação para resolver situações desafiadoras de maneira oportuna e eficiente; foco nas potencialidades do aluno; inclusão de pais e alunos nas reuniões das equipes de apoio; e manter um atendimento contínuo.

Existem muitos Processos de Planejamento escritos por vários autores, onde estes podem ajudar as equipes de apoio a perceber o que é realmente importante para o aluno. São usadas também matrizes de objetivo/atividade como apoio para as reuniões de equipe. O uso de tais processos ajuda os profissionais a se sentirem mais eficientes e competentes e isso se reflete para o aluno que adquire uma experiência escolar mais rica

Sexto passo: Desenvolver uma assistência técnica organizada e continua

Há certa necessidade de formação mais abrangente aos profissionais e também de haver uma oferta maior de assistência técnica para os professores e profissionais, assim como realizar avaliações para identificar os itens mais urgentes.
Tal plano também deve incluir: a especialização de funcionários; a existência de uma biblioteca acessível e com materiais diversos; ter um plano abrangente; oferecer oportunidades para os educadores novatos e oportunidades para os professores aumentarem suas habilidades.

Sétimo passo: Manter a flexibilidade

A flexibilidade é a chave para manter um ensino de qualidade que inclua todos os alunos com e sem deficiência. Para com os alunos com deficiência, as famílias de tais alunos, são exemplos de como manter a qualidade e educar todos os alunos. As famílias desses alunos nos mostram que para fazer o momento funcionar deve-se agir e experimentar coisas novas e assumir riscos, as famílias também nos ensinam que uma maneira de se fazer isto é sempre estar incluindo o aluno em todas as atividades da escola e não segrega-los.
Os Educadores devem também desenvolver habilidades para lidar com os alunos com necessidades especiais apoiando-os. Além de acreditar no ensino inclusivo.
No livro Enlightened Leadership, Oakley e Krug (1991) discutem sobre a maneira como as pessoas enfrentam situações em que precisam encarar as mudanças em suas vidas. Dizem que existem dois tipos de pensamento para estas situações, um deles é o pensamento reativo onde as pessoas são resistentes as mudanças e não conseguem ter criatividade para que as condições mudem e as coisas funcionem. Outro tipo de pensamento é o pensamento criativo, é o contrario, e as pessoas são abertas a mudanças e fazem da situação problemática uma oportunidade para criar algo que funcione.
Outra importante colocação recomendada por York e Vandercook (1989) é a capacidade por parte dos educadores de resolverem os problemas, mesmo que seja necessário voltar a etapa do planejamento e assim proceder em vez de apelar para que estes alunos sejam encaminhados para classes de educação especial segregadas.
Entende-se também por flexibilidade a capacidade dos educadores de ir além de seus papéis tradicionais, de seus títulos. No trabalho das equipes é que se enxerga claramente esta capacidade dos educadores, onde eles mesmos se vêem atuando em áreas que não se relacionam com seus títulos profissionais, dessa maneira se sentem capazes para renovar seu compromisso e proporcionar uma educação de qualidade para todos os alunos.

Oitavo passo: Examinar e adotar abordagens de ensino efetivas

Para a educação ser eficiente, mesmo onde exista alunos com diferentes níveis de desempenho, é necessário por parte dos educadores que seja feita uma reavaliação de suas abordagens de ensino, principalmente aquelas que mais o agradam. Muitos educadores insistem em usar uma abordagem “tamanho único” para todos os alunos e não levam em consideração que não apenas os alunos com desafios especiais, mas todo o individuo tem uma maneira própria e natural de interpretar a aprendizagem, assim como potencialidades também diferentes. A Teoria das Inteligências Múltiplas nos diz sobre as “potencialidades” individuais de cada aluno e nos sugere abordagens de ensino que se adaptam a estas “potencialidades” onde cada aluno aprende da maneira que for mais cabível a ele.
Existe um mito de que os alunos com deficiência requerem uma educação amplamente diferente da dos alunos sem deficiência. Isso leva os professores da educação regular a acreditarem que são incapazes de educar com êxito os alunos com deficiência.
Uma escola onde exista realmente o ensino inclusivo e apóia seus professores, vê que estes professores acabam por incorporar práticas e abordagens inclusivas em seus repertórios de ensino.

Nono passo: Comemorar os sucessos e aprender com os desafios

É muito importante para uma escola que seu quadro de profissionais seja constituído de pessoas que pensam criativamente, pois estas pessoas estão preparadas para responderem aos desafios que inevitavelmente surgem, para que novas oportunidades de aprendizagem sejam concretizadas. Algo que acontece com freqüência com um modelo de reforma escolar, onde se tem uma pessoa, uma autoridade que luta por essa causa, é que quando essa pessoa não faz mais parte da equipe, é comum que as demais não assumam o papel desta autoridade e voltem a recorrer às práticas antigas. Por isso, é necessário que o modelo de reforma inclusiva se tornem elementos que fazem parte da cultura da escola.

Décimo passo: Estar a par do processo de mudança, mas não permitir que ele o paralise.

Alguns professores usam a teoria das mudanças para promovê-las, e acreditam que as mudanças só podem ocorrer de pouco a pouco, pois uma aceleração no processo resultaria em uma rejeição e uma possível sabotagem aos esforços da reforma. Porém, por relato de professores que mudaram suas praticas com êxito, sabe-se que é pouco valido esperar toda a comunidade escolar estar com o mesmo pensamento para então se seguir um novo passo para as mudanças. Na verdade isto acaba atrasando a aceitação e permite aos que se opõem as mudanças mais tempo para se organizarem em desfavor ao processo. O que se propõe é que não se espere que as atitudes das pessoas em relação as mudanças mude antes da mudança ser implementada, mesmo assim é necessário orientar os indivíduos para que mudem seu comportamento. Os conselhos e diretores das escolas desempenham papel fundamental na implementação das reformas escolares. Por isso, uma das principais causas de fracasso no projeto de reforma, é falta de apoio administrativo. É necessário que os diretores determinem como visão e como norma da escola as pratica inclusivas, de forma que sejam seguidas.
A inclusão não deve ser ignorada, pois o que esta em jogo é a necessidade de alunos que não tem tempo a perder quando a questão é a educação. Além disso, uma educação de qualidade para todos os alunos é uma questão de justiça social e não deve ser negada pela sociedade em geral.

Conclusão

Somente com a união das escolas e comunidades, pode-se garantir uma educação de qualidade para todos. Este guia em especial pode contribuir de forma significativa para aqueles que desejam e estejam comprometidos para uma mudança significativa.
Devemos ter o conhecimento de que todas as escolas que adotam práticas educacionais sólidas colhem resultados muito positivos, e que a inclusão de alunos com deficiência nas salas de aula serve para medir a qualidade do ensino na escola. Dificuldades e barreiras sempre surgirão, mas o importante é ter coragem para enfrentá-las. Apenas dessa forma conseguiremos obter um ensino mais forte e eficiente para todos.

Opinião sobre o texto Inclusão – Um guia para educadores, de C. Beth Schaffner e Bárbara E. Buswell

O próprio termo inclusão (incluir, inserir algo ou alguém dentro de outro algo ou lugar). O que se deve prestar muita atenção é onde esse alguém está sendo incluído, nesse caso, as autoras sugerem a inclusão dos indivíduos no exercício escolar. Mas que exercício escolar é esse?, Que escola é essa?, O que quer essa escola dos alunos? Que tipo de educação esta sendo formada? Vamos incluir nossos alunos no exercício escolar, sendo essa escola uma formadora de indivíduos para o mercado e cidadãos consumidores em potencial, onde não passam de meros reprodutores de um sistema que vai colocá-los como classe a ser dominada, como no caso da educação pública no Brasil?.
Com uma proposta reformista, as autoras levantam elementos básicos para o que chamam de uma boa educação e sugerem alguns princípios básicos para o modelo escolar delas. Os três primeiros passos possuem um ar utópico, idealista que de certo modo seu discurso acaba por ser óbvio de como uma escola deve se comportar tanto institucionalmente quanto como entidade. Mas muitas questões como promover o cooperativismo não o competitivismo acaba entrando contra o que o modelo de mercado neoliberal quer (falando de uma escola que prepara indivíduos para o mercado), e a própria escola com os métodos de avaliação através de notas, e comportamentos acabar por tornar o ensino competitivo.
Contudo, nota-se que os passos seguintes possuem características assistencialistas quanto a proposta de redes de apoio ao aluno não incluído. E organizam através métodos, a forma que a escola e os educadores devem trabalhar para inclusão desses alunos. Métodos estes que a muito servem de base para as equipes de planejamento empresarial norte americanas conduzirem seus problemas no mercado. O texto termina com uma visão empreendedora quanto ao processo de inclusão na escola, com metas a cumprir, desafios, preparações e analise dos resultados obtidos. Tudo isso de forma bem sistemática e metódica, incluindo-se perfeitamente no modelo neoliberal de governo capitalista, e fazendo sua parte dando assistência a um problema que esse próprio sistema produziu.

Grupo: Camila, Ching, Eduardo, Fábio, Gabriel, Luana, Paulo