segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Estudo 3 Análise do Filme

O Sorriso de Monalisa

‘O Sorriso de Monalisa’ retrata várias canas de uma sociedade regrada, regida muitas vezes por injustiças e imposições de poder. Há, contudo, uma cena que me chamou atenção: Durante uma reunião informal entre as alunas e a professora Katherine Watson, a educadora nota o quanto suas alunas mantinham-se presas à idéia de que o destino da mulher é voltado apenas ao casamento. No dia seguinte, a professora, resoluta e ao mesmo tempo inconformada, dá início à aula. Como de costume, ela mostra os slides com imagens de pinturas e outros objetos artísticos, onde, desta vez, aparece uma ‘arte’ diferente: imagens publicitárias de mulheres ‘bem-sucedidas’, que estudaram muito, durante toda a sua juventude, assim como suas alunas, e que finalmente atingiram a tão sonhada felicidade: tornaram-se donas de casa, que se utilizavam da física para medir o volume do bolo de carne, e que se libertavam do espartilho, mas que tal liberdade, de fato, não existia. Mas afinal, que felicidade era esta a qual sonhavam as garotas? Era, simplesmente, o destino reservado a elas.
Watson emocionou-se profundamente, pois sabia que suas alunas mantinham-se fielmente atadas a esta idéia imposta pela sociedade machista da época, e logo a professora percebera, com lágrimas no rosto, que sua luta contra tais ‘regras’ dificilmente alcançaria uma vitória.
Sua era realmente árdua e dispendiosa; além de ir contra as regras da escola Wellesley onde lecionava, ia contra também às regras dos homens e de toda uma sociedade completamente subordinada a eles, onde as mulheres, postas em segundo plano, conformavam-se com aquela situação e acreditavam, deste modo, que obteriam a tão sonhada felicidade. Mas onde estaria a felicidade, na qual uma jovem, com condições financeiras favoráveis e sonhos de carreira planejados viveria apenas presa ao lar, sem dar continuidade a seus estudos e ainda vir-se-ia sujeita ao cargo e exigências do marido? Onde estariam a liberdade, as mudanças e a justiça? Como libertar à mulher se ela mesma não se libertava? De fato, o sol já havia nascido; era hora de acordar, e as garotas de Wellesley ainda estavam dormindo.
A cena é bastante importante, e até necessária ao destino da mulher, pois retrata o comportamento intrépido de uns, seguindo rumo à mudança de todos nas futuras gerações. A mulher hoje em dia atingiu um grau de independência e liberdade jamais alcançado anteriormente e, ao contrário das mulheres dos anos 50, o público feminino atual consegue conciliar casamento, estudos, trabalho e felicidade, apesar de tal felicidade se apresentar incompleta, pois, mesmo em índice menor, o preconceito ainda existe, e é contra este que a batalha da professora Watson ainda se mantém viva. São estas as regras as quais a escola deveria seguir, é neste ambiente onde se deve levar em consideração a justiça social e a igualdade de todos perante as leis.
A partir desta cena, as alunas passaram a refletir, ao mesmo tempo em que se assemelhavam à famosa Monalisa: um misterioso sorriso por fora, mas e por dentro? Estaria ela feliz?

Camila Adriana Lagoeiro

A cor do paraíso

‘A cor do paraíso’ narra a história emocionante de Mohamed, um garoto cego que enfrenta todos os problemas de qualquer deficiente visual, mas é dotado de grande vivacidade e sensibilidade.
Dentre todas as cenas, o filme apresenta uma a qual achei muito comovente: O pai do garoto, viúvo, prestes a se casar e não querendo viver preso a um cego para o resto da vida, leva o menino a uma carpintaria, a fim de que este vivesse lá como aprendiz de um carpinteiro também deficiente visual. O pai então volta para casa. Logo, enquanto o carpinteiro mostrava o local a Mohamed, o garoto começou a chorar. Ele dava início a sua confidente narrativa, dizendo que ninguém gostava dele, e afirmava ainda que, devido a isso, não podia freqüentar escolas normais, o que o entristecia muito. Seu professor havia dito que Deus gostava mais dos cegos porque não enxergavam, e que Ele estava em todos os lugares; bastava senti-Lo com os dedos. ‘Mas se realmente gostava, não os faria cegos’- como pensava Mohamed. Desde então, o menino vinha procurando Deus em todos os lugares, a fim de que pudesse contar-Lhe todos os segredos contidos em seu coração.
Trata-se de uma cena bastante emotiva, pois garoto não demonstrava suas inquietações de forma tão clara; tinha resignações, sofria por dentro, e ninguém tinha conhecimento disso. Por terem uma sensibilidade maior, alguns deficientes visuais tendem a perceber a indiferença com que são tratados, mas muitas vezes escondem-na, assim como fez Mohamed. O garoto queria ser tratado como uma criança normal, pois assim o era, apenas não enxergava. Mas a negligência do pai e, algumas vezes, a super proteção da família impediam a realização de tal desejo. A ânsia de encontrar Deus só aumentava, assim como a tristeza contida em seu coração. Não se é feliz sendo superprotegido, muito menos rejeitado; ademais, não são estes os ingredientes necessários à boa vivência de um deficiente visual. Eles são, de fato, pessoas normais, sensíveis e sensatas, que buscam romper os mais estáveis dogmas sociais e preconceitos, seguindo sempre em busca de uma vida normal como qualquer outro ser humano.

Camila Adriana Lagoeiro


Elefante

O filme ‘Elefante’ trata de forma original a frieza da realidade das escolas norte-americanas, mostrando e indagando o ponto de vista de cada um, tanto de personagens quanto dos expectadores, além de dar a conhecer a trágica conseqüência que tal ambiente pode presenciar.

As cenas finais foram bastante hostis e comoventes: os autores da tragédia, Alex e Eric, ao entrarem na escola, dão início à realização de seu plano fatal. Ambos estavam completamente tomados pela raiva, agressividade psicológica, e forte desejo de vingança, o que os fez, com suas metralhadoras semi-automáticas recém-compradas, atirar em todos os que estavam na escola, incluindo o diretor e outros funcionários. Alex mostra-se mais do que vingativo: parece doente pela convicção de acabar com a vida de todos, inclusive a de seu melhor amigo.

Apesar de não haver (intencionalmente) uma visão total e correta dos motivos que levaram os garotos ao massacre, Alex e Eric provavelmente sofriam por serem vítimas do bullying, onde eram ridicularizados, humilhados pelos outros alunos apenas por serem diferentes dos outros, neste caso, reservados demais, até anti-sociais (onde no filme é explícito apenas o caso de Alex). Infelizmente trata-se de uma prática normal nas escolas, principalmente nas norte-americanas. Somos suscetíveis a muitas situações e momentos variados vividos na escola; entretanto, os alunos que sofrem com este ‘mal’ do bullying se deparam com uma situação constante e incomparável. Não é justo ser humilhado por nada, e muitas vezes, as autoridades escolares vêem este problema como uma simples brincadeira, ao invés de examiná-lo e diagnosticar algo muito mais sério, que penetra profundamente nos sentimentos e nas disposições mentais do indivíduo. Em alguns casos, o ódio sentido pela vítima torna-se tão intenso e promíscuo que ela passa a agir conforme manda seu ‘combustível’, deixando de lado todas as corretas regras sociais as quais seguia. Logo, é muito comum sentir-se enraivecido com todos nestas horas, pois todos contribuem para este estado. Mas a atitude de querer matar a todos se traduz em morbidez, em doença aguda, que, mesmo provocada por outros (e que estes outros não se dão conta da gravidade), necessita ser evitada e tratada. A escola deve sanar o descontentamento sentido pelos estudantes, além de impor a prática do respeito mútuo, da inclusão, juntamente com mudanças reais de atitudes, ao invés continuar alimentando a permanência de rótulos e a leviandade para com as questões sociais as quais estão inseridos seus alunos. Necessita da presença e apoio dos pais, que na maioria das vezes encontram-se alheios ao que acontece a seus filhos, assim como ocorre na trama. Precisa-se de transformações significativas, e não da continuidade de descasos e mentiras que continuam rondando pelos diversos ambientes escolares.

Camila Adriana Lagoeiro