quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Estudo 3 Análise do Filme

Elefante, de Gus Van Sant

O filme “Elefante” de Gus Van Sant traz consigo uma importante fonte de reflexão.
Baseado num fato real, retrata uma juventude totalmente perdida quanto a seus propósitos, pessoas que se encontram por acaso nos corredores do colégio de Columbine e que não sabem qual é nem qual deveria ser sua identidade; pessoas que não imaginavam que em breve perderiam amigos e veriam Columbine em chamas, ou pessoas que não imaginavam que teriam poucos dias de vida.
O enredo parece não fugir nem um pouco da realidade, mas sim concentrar os aspectos que devemos pensar. Isso se deve ao fato de que todos os jovens de Columbine parecem ter algum tipo de problema, seja familiar, psicológico ou qualquer outro, pois até a inteligência ali se torna uma ameaça e motivo de violência.
Há grupos de pessoas que se assemelham, como o das “patricinhas anoréxicas”, o dos “cdf’s”, dos atletas, como em qualquer outro colégio.
Numa juventude sem brilho e desprovida de perspectivas, há pais alcoólatras, solidão, tristeza, humilhação, vergonha, poucos risos e pouco diálogo, o que nos faz pensar que qualquer um que ali estuda tem motivo para ser o causador da tragédia.
Ainda mais quando falamos em Estados Unidos, já que lá as armas são impressionantemente acessíveis aos jovens, sem qualquer teste psicológico de sanidade. Como vimos no filme, os adolescentes compram uma metralhadora semi-automática pela Internet, e nem sequer ainda atingiram a maioridade.
Em “Tiros em Columbine”, de Michael Moore, fica evidente a facilidade de se adquirir uma arma nos Estados Unidos quando um banco divulga o seguinte anúncio: abra uma conta de ganhe uma arma!
“Elefante” nos conta a história, e “Tiros em Columbine” nos explica como e porque a tragédia aconteceu.
O povo trouxe como resposta a isso os vídeo games, os filmes violentos, desenhos animados e ainda, Marilyn Manson. Ao saber disso, Michael Moore perguntou a Marilyn Manson o que ele diria a esses jovens de Columbine, e a resposta foi: “Eu não diria nada, apenas ouviria o que eles têm a dizer”.

Uma das respostas, portanto, pode ser essa: ouvir mais os jovens; ouvir mais os alunos e ouvir mais os filhos.
É possível perceber que na escola não há um relacionamento bom entre professores e alunos, as disciplinas não os interessam, pois não há idéia nenhuma de futuro, e essa idéia não é tratada pelos professores também. A escola não parece promover o conhecimento, estimulando o estudo e a pesquisa ou ainda como um local onde se aprendam habilidades e competências.
As autoridades “resolveram” colocando detectores de metais nas entradas das escolas, mas será que é assim que acabarão os problemas de humilhação, solidão e tristeza entre os jovens? Será que assim os problemas familiares também vão desaparecer?
O problema parece ser mais profundo e as autoridades fazem aquilo que é mais fácil. Na verdade, fazer isso é dar continuidade a fórmulas fracassadas.
Fica esquecido em meio a tudo isso, que além do conhecimento, os jovens têm que praticar o respeito e a integridade, e aos seus educadores, ficam as responsabilidades de sugerir formas de superar as dificuldades e apresentar valores que realmente fazem a diferença favorecendo a paz.

Flavia Tonelli