quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Elefante - Análise do filme

O filme Elefante, dirigido de maneira seca e direta quase documental, retrata a tragédia de Columbine High School, em que dois adolescentes friamente entram em sua própria escola atirando e matando dezenas de pessoas. A trama acompanha um dia comum e mais natural possível na vida de um grupo de jovens de Portland, no estado de Oregon. Porém, dois estudantes antes de irem para a escola, esperam em casa a chegada de uma metralhadora semi-automática, com altíssima precisão e poder de fogo. Munidos de um arsenal de armas que colecionavam, vão até a instituição de estudo e começam a atirar em tudo o que se mexe. O filme basicamente não se aprofunda em querer explicar o que teria levado os dois garotos a promoverem este fato e depois se matarem, e sim de certa forma, ironicamente, pontuar a história com justificativas simples e respostas fáceis, das possíveis e prováveis influências para o assassinato. Ele não é para ser discutido, mas para ser refletido, Pensar o quanto o ambiente escolar precisa de uma análise mais profunda e talvez até mesmo de um acompanhamento na vida de seus alunos dentro ou fora da escola. Muitas vezes um professor, ou mesmo os próprios pais não tem ciência do que esta se passando com suas “crianças”. Começando pela casa onde vivem ...possuir uma coleção de armas, drogas, etc. Até mesmo na própria escola, ambiente em que grande parte de seu dia passam! Normalmente esta falta de compreensão e de assistência, levam aos alunos que já estão sofrendo algum conflito grande, surtarem ao ponto de cometerem atos bárbaros e aparentemente inexplicáveis, por uma falta de visão dos responsáveis. Isto certamente não ocorre somente com os adolescentes, mas já se inicia no cotidiano da própria família, refletindo em todos que ali convivem. Portanto não podemos condenar apenas os que cometem algum tipo de agressão, crime ou ofensa, seja contra si próprio ou para a sociedade. A questão é muito mais profunda, abrange todo um sistema, que já vem deturpado e que deveria ser trabalhado com mais intensidade e cautela, com mais atenção e observação nas atitudes ocorridas e circustâncias. No sistema brasileiro de ensino, infelizmente esta participação dos professores por exemplo, muitas vezes é escassa. Eles não têm vontade nem de lecionar direito, muito menos de se preocupar com o que acontece aos seus alunos. Mas isto nem sempre ocorre por culpa desses professores, e sim pela desmotivação que recebem tanto financeiramente como psicologicamente, apoio e condições fornecidas. Uma bola de neve muito mais complexa do que se imagina.
A tragédia de uma escola abalou uma nação e preocupou o mundo inteiro, porém que medidas realmente efetivas tem sido tomadas para evitar que outras matanças como aquela de Columbine voltem a acontecer? Será que continuaremos vendo jovens desiludidos invadindo escolas e atirando a esmo sem alvos fixos, ceifando vidas sem que possamos perceber que também somos culpados por tragédias como essas?

De que adianta colocar detectores de metais na entrada das escolas? Será que o problema vai ser resolvido com policiais circulando nos corredores para intimidar novos atentados? A expulsão dos infratores e sua condenação solucionam a questão? Será que ao definirmos atitudes como essas para resolver tais problemas não estamos dando continuidade a fórmulas fracassadas? Será que não teremos que rever muito mais, quem sabe toda a estrutura educacional, talvez a própria conformação familiar e social do mundo em que vivemos?