quinta-feira, 8 de novembro de 2007

MEU NOME É RÁDIO
O filme “Meu nome é Rádio” conta a história de um jovem negro com deficiência mental chamado James Robert Kennedy (interpretado por Cuba Gooding Jr), que vive numa pequena cidade da Carolina do Sul e passa parte do seu dia andando pelas ruas com um carrinho de supermercados cheio de objetos que encontra pelas ruas. Seu apelido é “Rádio” por estar sempre ouvindo um desses aparelhos.
Rádio tinha o hábito de passar perto de uma escola e ficar observando as aulas do treinador de futebol americano Sr. Jones (Ed Harris). Numa dessas visitas, a bola do jogo sai dos arredores da escola e é encontrada por Rádio que ao invés de devolvê-la, a guarda em seu carrinho cheio de quinquilharias. Com raiva dessa atitude, no dia seguinte, os alunos de Jones pegam Rádio e o trancam em um quarto escuro amarrando seus pés e mãos. Jones o encontra desesperado e nesse momento começa a relação de confiança entre o jovem e o professor.
O treinador faz uso de sua autoridade e pune os alunos que maltrataram Rádio com um treino de tirar o fôlego, além de convidar Rádio para ajudá-lo nos treinos. O professor sofre uma forte pressão da comunidade escolar por querer ajudar um jovem negro com deficiência mental. Os pais dos alunos ficam indignados por seus filhos estarem convivendo com uma pessoa diferente dos padrões por eles estabelecidos, no início a diretora da escola também se coloca contra a presença de Rádio, por entender que ele poderia colocar em risco a vida dos outros alunos além de duvidar se a escola realmente poderia ajudá-lo. A mãe de Rádio, a Sra. Maggie (Epatha Merkerson) também fica desconfiada da ajuda do treinador Jones.
Contra todos e contra tudo, o professor sente uma imensa necessidade de ajudar aquele garoto, que se encontra à margem da sociedade por ser incompreendido. Ele enfrenta a comunidade escolar, a diretora, o supervisor de ensino e sua própria família que sente ciúme do garoto. A relação dos dois personagens é algo tão forte que nenhum obstáculo poderá separá-los. Com o passar do tempo, Rádio começa a se desenvolver na Escola e torna-se o mascote do time, além de ser uma espécie de “faz tudo” na instituição de ensino. Ele conquista a confiança dos alunos, dos funcionários e principalmente constrói a sua própria autoconfiança. Sua mãe entende as verdadeiras razões do treinador Jones e estabelece uma parceria saudável com ele. A família de Jones compreende que não há competição entre ela e Rádio e sim uma agregação de valores ao relacionamento entre Jones e Rádio.
O filme tem momentos marcantes como a morte da mãe de Rádio e situações de preconceito na escola. Discute a questão da autonomia de pessoas com deficiência mental e sua participação efetiva na sociedade. Propõe uma reflexão acerca das relações humanas e sua diversidade. Constrói um universo dicotômico em que a beleza e a bondade do ser humano se contrapõe ao egoísmo e ao desconhecimento sobre a vida de pessoas com necessidades especiais.
Por ser embasado numa história real, “Meu nome é Rádio” estabelece diferentes pontos de vista para o expectador, pois cada personagem se posiciona de uma forma com relação à presença de Rádio na escola. E são esses diversos pontos de vista que ilustram de forma clara como a sociedade trata as diferenças entre as pessoas.
“Meu nome é Rádio” é um exemplo claro da força que o meio exerce na formação social do ser humano. Conta a história de um garoto que teria tudo para estar excluído de sua comunidade, sem função social e sem vontade de viver. Demonstra que com a ajuda de pessoas sensíveis e um pouco de flexibilidade é possível a construção de relações verdadeiras entre todas as pessoas, pois não foi Rádio o único a ser ajudado. Todas as pessoas que tiveram o prazer de sua convivência se transformaram em pessoas melhores com sua presença.

Fábio Luiz de Souza, RA 06327860